Em criança fiz um exame.
O teste era tão simples
que não havia maneira de falhar.
P1. Descreve o sabor da lua.
Sabe como a Criação, escrevi eu,
tem o sabor da luz das estrelas.
P2. Qual a cor do amor?
O amor tem a cor da água
encontrada por um homem no deserto, escrevi eu.
P3. Por que derretem os flocos de neve?
Respondi que derretem porque
caem na língua quente de Deus.
Havia outras perguntas.
Todas elas também bastante simples.
Descrevi a dor de Adão
quando foi expulso do Paraíso.
Escrevi o peso exacto
do sonho de um elefante.
No entanto, passados todos estes anos,
para sobreviver, varro as ruas
e limpo as casas de banho de luxuosos hóteis.
Porquê? Porque reprovei em todos os meus exames.
Porquê? Bom, deixa-me fazer-te um teste.
P1. Quão imensa é a imaginação de uma criança?
P2. Quão vazia é a alma de um examinador?
Brian Patten
(Trad. Miguel Gouveia)
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